Prezada comunidade do Instituto Federal de Brasília - IFB,
Viemos, por meio desta nota, expressar nosso repúdio diante de uma situação de grande repercussão envolvendo o jogador negro Vinícius José Paixão de Oliveira, conhecido como Vini Jr., que poderia ter acontecido com qualquer um de nós. É com profunda indignação que mantemos nossa posição firme e inabalável diante dos recentes acontecimentos.
Desde setembro de 2022, a grande mídia relata um aumento nos casos de ofensas racistas com o Vini Jr., que vem ocorrendo frequentemente, e principalmente, nos estádios de futebol. Acordamos diariamente ou abrimos nossos celulares e nos deparamos com esse tipo de notícia. É inaceitável que, no século XXI, estejamos testemunhando algo que remonta séculos atrás. A Espanha é um país com um histórico de violências contra populações de pessoas negras e indígenas. A partir do século XVI, foi uma das nações europeias que patrocinou a invasão das Américas, com o extermínio dos povos originários e subsequente sequestro e escravização de negros e negras africanos. O colonialismo espanhol foi sustentado por uma ideologia racista que é a mesma em que hoje se escora a xenofobia contra populações e imigrantes não europeus. A humanidade progrediu e muito já foi aprendido, mesmo na Espanha. No entanto, aparentemente, velhos costumes persistem e devem ser corrigidos, pois muitos de nós consideramos a Espanha como um destino, onde aprendemos questões culturais. No entanto, situações como essa devem ser repreendidas e banidas de nosso cotidiano em todo o mundo.
Não podemos aceitar que parte de uma torcida maltrate um ser humano por tanto tempo. É importante lembrar que, em um estádio de futebol, muitos de nossos estudantes sonham com o momento em que seus nomes serão aclamados nas arquibancadas por uma grande conquista, como um gol da vitória aos 48 minutos do segundo tempo ou aquele penalti que garante o título de campeão. Contudo, ser chamado pejorativamente de “mono”, que se traduz como “macaco”, pode levar uma pessoa a conflitos internos ao lançar sobre o indivíduo toda a carga de preconceitos e brutalizações sofridos por nossos antepassados e antepassadas negros e negras, e o sonho de um menino pobre pode ser destruído por uma minoria que não foi educada e que não está neste milênio pensando em uma sociedade justa.
As vidas negras importam, sim, e principalmente quando estão vivas! Depois que se vão, não podemos lamentar o ocorrido. O NEABI do Campus Ceilândia tem a SOLIDARIEDADE como um de seus valores e busca uma sociedade justa, o que também envolve se colocar no lugar do outro e sentir que seu sofrimento também é nosso. Lutamos pela DIVERSIDADE e é essencial promover a valorização das culturas, respeitando-as.
Gostaríamos que a sociedade compreendesse a necessidade de uma conscientização mútua, para podermos sonhar com um mundo mais justo, solidário e que respeite o ser humano, independentemente de sua cor, raça, condição sexual, ou credo. É fundamental que o clube Valência tenha ações concretas, para não ser apenas mais um que emite uma nota pública, mas não toma medidas efetivas e eficazes.
Finalizamos esta nota reiterando a missão do NEABI Campus Ceilândia que é: “promover e apoiar a inclusão das questões étnico-raciais no âmbito escolar por meio da realização de ações que criem momentos de reflexão sobre a temática afro-brasileira e indígena, valorizando a identidade de todos, respeitando as diferenças e proporcionando uma educação anti-racista”.
Agradecemos a todos e a todas.
Assinam esta nota:
NEABI - Campus Ceilândia
NEABI – Campus Brasília
NEABI – Campus Estrutural
NEABI – Campus Recanto das Emas
NEABI – Campus Taguatinga
Nenhum comentário:
Postar um comentário